terça-feira, 6 de maio de 2014

Anti-helmínticos em aves de produção

Neste post falaremos dos helmintos que parasitam aves de produção, sendo os principais listados na tabela a baixo.
Nematoda
Capillaria contorta, Capillaria caudinflata, Capillaria collaris, Capillaria comlumbae, Capillaria retusa, Capillaria obsignata, Strongyloides oswaldoi, Syngamus traquea, Trichostrongylus tenuis, Heteraki gallinarum, Ascaridia columbae, Ascaridia galli, Ascaridia lineata, Subulura differens, Subulura strongylina, Subulura brumpti, Gongylonema freitasi, Gongylonema ingluvicola, Oxyspirura mansoni, Physaloptera truncata, Acuaria hamulosa, Acuaria spiralis, Tetrameres americana, Tetrameres confusus, Tetrameres fissipinus e Aprocta caudata.

Cestoda
Davainea proglottina, Raillietina cesticillus, Raillietina echinobothrida, Raillietina laticanalis, Railletina tetrágona, Amoebotaenia cuneata, Choanotaenia infundibulum, Metroliasthes lucida, Hymenolepis carioca e Hymenolepis cantaniana.

Trematoda
Echinostoma revolutum, Episthmium oscari, Prosthogonimus cuneatus, Postharmostomum cummutatum, Tanaisia bragai e Zygocotyle luneta.



Os anti-helmintos usados para aves de produção são divididos pelo seu grupo químico:

·         Higromicina B: é usada contra A.galli, H.gallinarum e Capillaria obsignata para frangos de corte e matrizes. É recomendado o uso continuo, na dose de 13,2 mg/Kg da ração.
·         Organofosforado: tem como mecanismo de ação a inibição da enzima acetilcolinesterase, levando um aumento na transmissão do estimulo nervoso nas sinapses nervosas colinérgicas dos parasitas, o que leva a paralisia espástica do parasita e assim ocorre sua expulsão. São administrados por via oral, eles são inativados pela porção alcalina do intestino delgado, por isso, não atuam em parasitas que se localizam no intestino grosso. Sua margem de segurança é menor que dos demais anti-helmínticos, por ser rapidamente inativados no fígado. Os organofosforados mais utilizados são o triclorfon, o diclorvós, o coumafós e o haloxon.
§  Coumafós é eficaz contra parasitas do gênero Capillaria em codornas, frangas de reposição de matrizes e em poedeiras, com a dose de 30 a 40 ppm na ração por 10 a 14 dias.
§  Haloxon apresenta uma ação anti-helmíntica restrita, porém com doses de 25 a 50 mg/Kg ou 750 ppm na ração por 5 a 7 dias é eficaz contra parasitas do gênero Capillaria em galinhas.
·         Benzimidazóis: tem como mecanismo de ação a inibição da enzima fumarato redutase das mitocôndrias e o transporte da glicose do parasita, bloqueando a sua geração de energia. Por causa do seu modo de ação o tempo de contato entre os produtos e o parasitas devem ser o maior possível, pois esses só são eliminados quando suas reservas energéticas acabam, assim os Benzimidazóis menos solúveis os mais potentes. Esses produtos apresentam amplo espectro de ação, pois atuam em helmintos adultos, imaturos e ovos. Apresentam baixos níveis de toxicidade, com grande margem de segurança e sem efeitos colaterais. Os benzimidazóis mais utilizados são: tiabendazol, cambendazol, mebendazol, oxibendazol, albendazol, fembendazol, oxfendazol e flubendazol.
§  Tiabendazol é usado na dose de 75 mg/Kg contra nematódeos em galinhas.
§  Cambendazol é usado em três administrações consecutivas na dose de 50 mg/Kg contra nematódeos em galinhas e na dose de 20 mg/Kg contra nematódeos em perus.
§  Mebendazol pode ser usado no tratamento de nematódeos, espécies de Capillaria e cestódeo. Para galinhas as doses recomendadas são de 30 a 60 ppm na ração por 5 dias ou 120 ppm (120mg/L) na água por 3dias. Para pombos e perus a dose recomendada é de 30 ppm na ração por 10 dias. O mebendazol também pode ser usado na dose de 10mg/Kg por três dias no tratamento de infestações por nematódeos em galinhas.
§   Oxibendazol é usado na dose de 10 a 12 ppm na ração por no mínimo 8 semanas para o controle de infestações por nematódeos em aves.
§  Albendazol esse produto pode ser desaconselhável para galinhas matrizes em fase de produção, pois tem efeitos teratogênicos.
§  Fembendazol é usado na dose de 48 ppm por 6 dias ou 79,2 ppm por 3 dias, na ração, para o controle de infestações por formas adultas ou imaturas de nematódeos. A medicação deve ser retirada da ração do frango de corte 15 dias antes do abate e ovos de poedeiras em tratamento não devem ser consumidos.
§  Oxfendazol apresenta amplo espectro contra nematódeos e alguns cestódeos, é usado na dose de 10mg/Kg contra formas imaturas de cestódeos e de 7,5 mg/Kg contra formas adultas de cestódeos também.
§  Flubendazol pode ser usado no tratamento de nematódeos, espécies de Capillaria e cestódeo. É usado na dose de 15 a 25 ppm na ração em dose única e a medicação deve ser suspensa 15 dias antes do abate.
·         Pró-benzimidazóis: são biotransformados em benzimidazóis no hospedeiro, portanto apresentam os mesmos mecanismos de ação e graus de toxicidade. Com exemplo temos tiofonato e febantel.
·         Imidotiazóis: tem como mecanismo de ação a estimulação da transmissão nervosa da sinapse colinérgica, atuando como um agonista em receptores de acetilcolina, isso leva a paralisia espástica do parasita, então ele é expelido. Pelo seu mecanismo de ação diferente, ele pode ser usado contra nematódeos resistentes aos benzimidazóis. Como exemplos desse grupo se têm: tetramisol e levamisol.
§  Levamisol é usado no tratamento de infecções por espécies de Capillaria, Ascaridia e Heterakis em galinhas domésticas. Apresenta uma margem de segurança menor que os benzimidazóis. E é recomendada a dose de 40 mg/ Kg contra Capillaria, Ascaridia e Heterakis em aves.
·         Tetraidropirimidinas: Possuem o mesmo mecanismo de ação que o levamisol, estimula a transmissão nervosa da sinapse colinérgica, atuando como um agonista em receptores de acetilcolina em nematódeos, o que leva a paralisia espástica do parasita, então sendo expelido. Apresentam maior eficácia contra nematódeos gastrintestinais adultos e imaturos, localizados no lúmen ou na mucosa do intestino, são menos eficazes contra parasitas que se localizam no interior da mucosa. Como exemplos desse grupo se têm: pirantel e morantel.
·         Salicilanidas: Tem como mecanismo de ação a inibição da fosforilação oxidativa do parasita, o que bloqueia a sua geração de ATP. Apresenta mais toxicidade em relação ao benzimidazóis, em altas doses pode causar cegueira, taquipnéia, hipertermia, convulsões, taquicardia e morte. Animais estressados, com qualidade baixa de nutrição e alta carga parasitaria, são mais suscetíveis aos efeitos colaterais. Fazem parte desse grupo: rafoxanida, a oxiclozanida, o closantel e a niclosamida.
·         Substitutos fenólicos: Como as salicilanidas inibem a fosforilação oxidativa, isso leva a uma deficiência de energia do parasita e à sua morte.
§  Diclorofeno é comercializados como Difentano 70, usado na dose de 200 a 300 mg/Kg na ração em aves.
·         Lactonas Macrocíclicas: Apresenta amplo espectro, tem ação contra endo e ectoparasita, principalmente contra nematódeos e artrópodes. Fazem parte desse grupo: ivermectina, abamectina, doramectina, eprinomectina e moxidectina.
§  Ivermectina usado contra nematódeos adultos e larvais, porem não é eficaz contra cestódeos e trematódeos. Como mecanismo de ação tem a estimulação do efeito inibitório do GABA, o que leva a uma paralisia flácida do parasita. A dose recomendada para galinhas é 200 µg/Kg de peso vivo. Altas doses causa diarreia, redução de ganho de peso, de produção de ovos e de consumo de água e ração.
·         Piperazina e Dietilcarbamazina: Tem como mecanismo de ação o bloqueio da transmissão neuromuscular por hiperpolarização, o que leva a paralisia flácida, também compromete o metabolismo de energia, bloqueando a produção de succianato no ciclo de Krebs. É eficaz contra nematódeos da ordem Ascaridida e não tem efeito contra espécies de Capillaria. A piperazina na dose de 200 mg/Kg é eficaz contra A.galli em galinhas.
·         Praziquantel: É um anti-helmíntico especifico contra cestódeos e alguns trematódeos. Tem como mecanismo de ação o comprometimento das ventosas e alteração da permeabilidade do tegumento do parasita, o que leva a perda de nutrientes e a desintegração do tegumento, causando a paralisia espástica do parasita. A dose recomendada para aves é de 5 a 6 mg/Kg na ração ou na água. Necessário a suspensão do tratamento 5 dias antes do abate.
·         Bunamidina: É especifico contra cestódeos, faz com que o parasita seja digerido no intestino do hospedeiro. É mais eficaz quando oferecido a animais em jejum.
·         Ciclodepsipeptídeo: Tem grande atividade contra A.galli em galinhas domésticas, porem é necessário mais estudos sobre esse produto.

·         Fitoterápicos: São extratos de algumas plantas que tem apresentado atividades anti-helmínticas, porem seus princípios ativos não tenham sido determinados.

Nem todos os fármacos discutidos estão disponíveis no mercado brasileiro, os anti-helmínticos disponíveis no mercado brasileiro para aves estão listados na tabela a seguir:



Referências:
Palermo-Neto, J.; Spinosa, H.S.; Górniak, S.L. Farmacologia aplicada à Avicultura. Boas práticas no manejo de medicamentos. São Paulo, Roca, 2005. 366p.

 


sábado, 3 de maio de 2014

Introdução

Boa tarde à todos.
Este blog foi desenvolvido para abordar o tema antiparasitários de uma forma mais dinâmica durante a matéria Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária da FMVZ-USP pelas alunas Letícia Martins, Jéssica Dias e Robertta Nogueira, todas cursando o 5ºsemestre.

Aqui daremos informações sobre o uso de antiparasitários em aves e peixes e tentaremos abordar tanto os animais usados para produção como também os pets.

Por que é tão importante o uso destes produtos?

Os parasitas podem ser helmintos (nematóides, cestóides e trematóides), protozoários ou ectoparasitas e estes podem causar no hospedeiro perda de peso, crescimento tardio, predisposição a outras doenças, menor absorção e digestão de nutrientes, interferência no fluxo dos alimentos, lesões teciduais, perda de sangue e de proteína, entre outros problemas.
Portanto, o uso de antiparasitários é muito importante seja para a saúde da criação quanto para a do indivíduo.
A finalidade do tratamento é, além de tratar o animal, limitar a eliminação de ovos e larvas nas fezes e, consequentemente, reduzir o número de estágios infectantes no meio onde vivem os hospedeiros.


Referências
Spinosa, H.S.; Górniak, S.L.; Bernardi, M..M. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 4.ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2006.